“Cara de BH” – Acessível? Por MPGuim, ADAPTSE

A cidade onde moro, Belo Horizonte, comemorou em Dezembro/2018, 120 anos.

Para celebrar a data, a Rede Globo Minas fez uma campanha onde os moradores foram convidados a votar, entre os 10 concorrentes naquele que considerasse ser o que mais representasse a cidade.

Fui visitar todos os 10 pontos: Praça do Papa, Savassi, Praça da Liberdade, Parque municipal, Av. Afonso Pena, Praça da Estação, Bairro Santa Tereza, Pampulha, Mineirão e Mercado Central.

Para avaliar a acessibilidade arquitetônica desses lugares pedi um Help para o Marcelo Pinto Guimarães, Graduado em Arquitetura pela UFMG , Mestrado em Arquitetura (NY)  Doutorado em Design – Carolina do Norte, atualmente é Prof. associado da UFMG.

Observação importante, a avaliação foi feita à partir das fotos que fiz ao visitar esses locais, suas considerações estão nos textos entre aspas.

Um lugar acessível pra mim é aquele que posso ver, entrar e usufruir do que esse lugar oferece, e que seja assim para todos, não só para as pessoas com deficiências.

Eu e uma mãe com carrinho de bebê, circulamos sem dificuldades.

Porém não são todos os lugares que encontramos nosso direito de ir e vir serem respeitados.

-Praça do Papa, não encontrei nenhuma vaga de estacionamento marcada e para chegar até o local para ver o belo horizonte, precisaria de ajuda para transpor as barreiras.

“O desafio de um mirante está em você prolongar as vista até que o horizonte se encontre com seu pensamento e a brisa traga os sons da distância e refresque o peito de ar puro. Para isso, basta atravessar a rua, subir pela rampa da calçada e andar no plano, procurando sempre uma perspectiva diferente. Subir a rampa da calçada. Que rampa? Que mirante? Que desafio?”
Impossível chegar com autonomia até o ponto de ver cidade e sentir a brisa.

 

-Savassi, um dos lugares mais badalados da cidade, vejam só o que vi na Av. Cristovão Colombo.

“Hà quem pense que a calçada em BH é patrimônio. Há outros que pensam fazer das calçadas um lindo mosaico de formas e textura. Nesse canteiro de obras que forma o passeio de toda a cidade, preserva-se  as barreiras em formato padronizado. Patrimônio é coisa de valor . O maior valor é o bem estar daqueles que necessitam de acessibilidade e fazer disso qualidade de vida”.

-Pampulha e  vários outros locais que visitei, a pedra portuguesa estava lá.

 

                                

“O piso de calçada portuguesa é perigoso porque esconde irregularidades de difícil percepção visual. Com chuvas, formam-se poças d’água e o piso se torna muito escorregadio. Com o tempo, as pedras irregulares se soltam e isso pode provocar acidentes. Contudo há uma visão equivocada de que o problema da calçada é a má qualidade de sua construção ou a falta de manutenção. De fato, o problema está na sua concepção. Quem não sofre com ela não entende isso. ”

-Mineirão, foi reformado para a copa do mundo, está 100% aprovado a acessibilidade. Rota acessível, 600 assentos preferências, pisos táteis, corrimãos, rampas etc.

 

-Parque municipal, rampas e calçadas portuguesas sem manutenção.

O unico brinquedo acessível, um balanço, geralmente está trancado ou quebrado afffff….

Esse piso irregular, ninguém merece né?

 

 

-Praça da Liberdade – ” O nome da praça é Liberdade mas não rima com acessibilidade. As passagens para o pedestre não estão niveladas e bem localizadas. Cercada de trânsito e barreiras, parece uma ilha de verde distante e o encontro da pista com as calçadas são valas profundas de sarjeta.”

“Na Alameda Travessia, as pedras e suas falhas avançam sobre o espaço que seria da calçada regular, como se a história do lugar estivesse tentando dizer de que acessibilidade é estranha ao passado, mas essencial hoje para o bem viver”

-Avenida Afonso Pena – “Muito cuidado ao atravessar na faixa de pedestres pintada de vermelho da Praça Sete. O piso ali é mais liso e escorregadio quando molhado. A travessia é longa pois a avenida é larga, mas o tempo é curto. Há muitas pessoas indo e vindo. Desvie, desvie. Não, o piso não tem faixa tátil direcional, Segure no braço de alguém e acelere o passo. O sinal vai abrir. Vai abrir.”

“As calçadas da Av. Afonso Pena são as mais largas da cidade. Nem por isso são as melhores. Nessa largura toda deveria haver menos vazio. Certamente, caberia mais bancos para o descanso e socialização bem como jardins equipamentos que dessem apoio. Para serem mais acessíveis, as calçadas largas devem ter piso plano e seguro pelo menos nas faixas de caminhada, com contraste, ambiência e sinalização em seus espaços que enriquecem a experiência de todos. ”

-Praça da Estação – “A praça é um grande espaço aberto sob o sol e tem a escala da cidade. Para o aconchego, é preciso muita gente alegre e esguicho d’água, ou pelo menos um banco na sombra, bem pertinho do estacionamento reservado pra a acessibilidade. Sem isso, não há como chegar e o calçamento de blocos acaba com o passeio.”

Não encontrei nenhuma vaga com a marca de acessibilidade, próximo da praça.

Assim a praça fica legal!!!

-Bairro Santa Tereza – Na maior parte do bairro as calçadas estão em situação precária.

“Calçada se situa numa rua quase horizontal. O perfil da calçada é irregular. Mais à frente há desnível e saliências junto às raízes de árvores. A largura da pista de caminhada é mínima. Piso de cimento fica escorregadio com limo em dias de chuvas prolongadas. A posição do piso tátil é isolada e não indica que há passagem de veículos.”

Calçadas portuguesas na praça e na região central do bairro. Poças d’água quando chove esconde o perigo.

-Mercado Central – foi considerado o lugar que representa a “Cara de BH”

“O mercado central tem muitas entradas e só olhando para fora é que se tem idéia da localização e orientação. A entrada em frente ao Minascentro é plana quase horizontal. A faixa elevada para o pedestre lhe confere importância mas o piso trepida as rodas da cadeira e a rota acessível está distante, no estacionamento ou no ponto de ônibus. Grades em frente à entrada dificultam o acesso e a mensagem convidativa ao visitante. ”

Eu não posso entrar e escolher os produtos na maioria das lojas, quase todas possui uma rampa uma barreira na entrada.

Com esses exemplos podemos concluir que: se os pontos turísticos da nossa cidade não são acessíveis de verdade imaginam os demais locais.
O que precisamos?
Marcar nossa presença, mostrar que existimos e cobrar nossos direitos de ir e vir com autonomia e dignidade.

Para saber mais em como avaliar os pontos turísticos, no link abaixo há uma listagem de 34 característica a serem examinadas.

https://sites.google.com/a/adaptse.org/www/1226